alta performance em Supply Chain

Como atingir alta performance em Supply Chain?

Com a evolução tecnológica e da internet, a multiplicação de negócios virtuais (e-commerce), clientes com mais acesso à informação, mais exigentes, e a constante necessidade de reduzir custos e otimizar processos…

…cada vez mais organizações investem em inovação na logística pois entendem que ela precisa operar com o máximo de qualidade e eficiência possível.

As operações logísticas passaram por uma importante evolução nas últimas décadas. Com o tempo, o mercado percebeu seu impacto na performance de um negócio. Muitas empresas já têm o Supply Chain como seu core business.

Contudo, tem sido um desafio para os gestores do setor adotar práticas de supply Chain que realmente agreguem valor e tragam competitividade e seu negócio. Afinal, o que é realmente necessário ser feito para que a cadeia de suprimento atinja a alta performance?

Neste artigo, apresentamos 6 dicas de como gerenciar as operações de supply chain com mais qualidade e eficiência. Continue lendo!

1. Capacite sua equipe

As pessoas são o maior ativo das empresas, portanto, investir em capacitação profissional da equipe é um dos itens que mais colaboram para a alta performance em supply chain.

Enquanto tecnologias contribuem para otimizar processos cotidianos, nada substitui a criatividade e talento humano. Poder contar com colaboradores motivados que entregam um serviço de qualidade faz toda a diferença nas operações de um negócio.

Portanto, aposte em treinamentos e outras modalidades de endomarketing com seus colaboradores e surpreenda-se com os resultados.

2. Busque sempre as melhores práticas

Com a consolidação da tecnologia, redes sociais, entre outras inovações, o mercado mudou e o perfil dos consumidores também. Assim, empresas precisam se adaptar a novas demandas e cenários. Estar sempre bem-informado sobre novos modelos de serviço, operações e boas práticas é fundamental.

Por isso, gestores devem buscar participar de eventos e conferências, ler artigos e pesquisar sobre o que as corporações que são referências no mercado estão fazendo para aprimorar seu desempenho em logística.

A prática do benchmarking é muito útil para entender as novidades e absorver o que de melhor está sendo feito no mercado e, assim, se manter alinhado com as práticas mais modernas.

3. Otimize processos

Constantemente, falhas de processos resultam em gargalos, falhas e perdas em toda a cadeia de suprimentos. A cadeia é composta por muitas operações complexas, portanto, a organização estruturada das atividades e suas respectivas etapas, de forma clara e objetiva, fazem toda a diferença para atingir a alta performance.

Saber exatamente o que deve ser feito em cada situação, é fundamental. Dessa forma, os gestores têm a segurança de que tudo funciona adequadamente e que as atividades seguem em fluxo adequado e contínuo.

Da mesma forma, processos alinhados contribuem para que a empresa cumpra prazos e promessas para o cliente. A organização das etapas contribuí para a identificação de erros e redução de custos, uma vez que há melhor aproveitamento de tempo e recursos.

4. Reduza custos sem comprometer resultados

Reduzir custos de forma inteligente um desafio para qualquer empresa. Muitos gestores apenas olham para a importância de controlar gastos em momentos de crise quando deveria ser um cuidado constante.

Mas reduzir custos não significa apenas eliminar etapas ou substituir materiais por outros mais baratos. É preciso que esse processo seja bem pensado, e que a economia não comprometa a qualidade. É necessário adotar tecnologias que automatizem atividades, facilitem o poder de decisão e sejam capazes de aproveitar melhor os recursos da instituição.

5. Modernize a cadeia e Invista em Inovação

Para operar em alta performance, a gestão logística precisa ter mais controle dos processos, informações e etapas a fim de tomar decisões mais rápidas e assertivas. Nesse sentido, a tecnologia pode ser uma importante aliada na forma de um sistema especializado da supply chain.

Com o suporte de uma solução digital, os gestores terão mais visibilidade e poderão atender com mais precisão e agilidade as diferentes demandas da cadeia de suprimentos, obtendo melhores resultados para o negócio.

Além de automatizar processos, a tecnologia busca sempre oferecer novidades para o setor da logística que são realmente determinantes para que uma empresa tenha mais competitividade e relevância no mercado.

Por exemplo, ferramentas como a criação de mapas inteligentes e rastreamento de cargas são soluções que fornecem dados em tempo real sobre trajetos e o status da movimentação de uma mercadoria, agregando mais valor para o atendimento ao cliente, o planejamento estratégico e a gestão de riscos, contribuindo para a alta performance.

6. Monitore os indicadores de performance corretos

Como saber se os resultados de uma empresa estão atingindo a alta performance? Ter metas claras e acompanhar o desenvolvimento de um negócio de perto é essencial.

O caminho ideal para isso é definir e monitorar as KPI (Key Performance Indicator) adequadas que forneçam dados concretos e bases precisas para tomadas de decisão mais assertivas e insights que permitam um entendimento aprimorado do negócio, do mercado e das tendências.

Acompanhar os indicadores corretos é fundamental para se saber exatamente o que deve ser melhorado e como se planejar para alcançar objetivos.

Se você gostou deste artigo, você também terá interessem em conhecer Os 9 Erros mais comuns da Logística Empresarial.

Erros da Logística Empresarial

Os 9 Erros mais comuns da Logística Empresarial

Erros de logística dentro das organizações são responsáveis por diversos prejuízos financeiros, além de perdas de oportunidade e até mesmo cancelamentos de contratos.

A falta de planejamento das operações podem gerar problemas como baixa de veículos por falta de manutenção, falha no cumprimento de prazos de entrega, perdas de encomendas, falta de materiais, entre outros.

É necessário que as organizações fiquem atentas a erros previsíveis nos processos logísticos, pois se estes não forem evitados ou corrigidos a tempo, a credibilidade frente aos clientes e parceiros poderá ser gravemente comprometida.

Continue com esta leitura e veja 10 erros mais comuns da logística empresarial para se evitar.

1. Falta de um planejamento logístico eficiente

Os gestores tendem a deixar de se preocuparem com o desempenho da empresa quando os resultados estão bons. Essa atitude pode levar a problemas, pois o mercado oscila com frequência, inclusive por motivos que não se relacionam com o seu negócio.

Todo processo logístico abrange várias etapas, sendo algumas complexas. Um transporte, por exemplo, precisa de um planejamento de rotas para fornecer os melhores resultados com os menores custos possíveis.

E todo bom planejamento precisa contar com indicadores de performance (KPIs) e métricas claras para monitorar o desempenho do negócio, a produtividade, as vendas e a qualidade dos produtos e serviços. Diante deste conhecimento prévio é possível encontrar alternativas em períodos de baixa.

2. Baixo preparo da equipe

Um erro bastante comum nas organizações é se preocupar treinamentos da equipe de vendas, para aumentar comercialização de produtos e serviços. Porém, a equipe de logística também precisa estar bem preparados para atender os clientes e fornecer uma experiência de compra de excelência.

Os colaboradores precisam aplicar as boas práticas de gestão de estoque e ciclo de pedidos para garantir que tudo ocorra dentro do planejamento. O resultado da venda será negativo se o produto chegar ao consumidor com atraso ou com avarias.

Uma equipe capacitada domina as operações do fluxo da cadeia produtiva e realiza as atividades com eficiência e eficácia. Essas características elevam a satisfação do consumidor e possibilita a sua fidelização.

3. Falta de pontualidade no cumprimento de prazos

Este erro está intimamente ligado aos erros anteriores, mas devido sua importância, merece uma posição de destaque. A falta de pontualidade no cumprimento dos prazos pode ser tanto uma falha no planejamento gerencial quanto de na capacitação de funcionários, e é um ponto bastante crítico dentro das empresas. Por isso precisa ser encarado pelos diretores e gestores como prioridade máxima a ser resolvida, pois, caso não seja, a empresa colocará em risco a manutenção dos clientes e sua reputação no mercado.

4. Não investir em tecnologia e automatização

Os softwares de gestão logística reduzem e facilitam processos em toda a cadeia.

Assim é possível ter uma maior visibilidade dos dados e obter mais precisão nas informações, evitando erros, desperdícios, inconsistências, extravios, etc.

A tecnologia permite que gestores possam realizar ajustes necessários para garantir que os processos sejam executados adequadamente. Além disso, outro benefício está na segurança, possibilitando o monitoramento de cargas e consulta de envios e coletas em tempo real, garantindo a entrega.

Os procedimentos manuais são os maiores vilões do crescimento de uma empresa. Toda automatização que preserve a qualidade do serviço ou produto final merece o investimento.

5. Problemas de comunicação entre departamentos

Sem dúvida esse é um dos erros mais graves e que pode ocasionar muitos prejuízos. Quando há ruídos na comunicação entre diferentes setores de uma empresa, a possibilidade de uma atividade interferir negativamente em outra é maior.

É fundamental que haja sinergia entre todos os setores. O gestor deve trabalhar de modo integrado à sua equipe e a outras áreas, sendo um canal de comunicação direto. Além disso, é importante incentivar os colaboradores a exporem suas opiniões e compartilharem ideias. Isso aumenta o engajamento e a motivação.

A comunicação bem estruturada ainda evita maus entendimentos e falta de registro das informações.

6. Ter altos custos com atividades operacionais

As tarefas diárias podem consumir bastante tempo de profissionais qualificados para executar atividades mais específicas. Uma boa solução nestes casos é a terceirização. Contar com parceiros especializados nas atividades operacionais facilita a execução dos processos e permite criar outros mais transparentes, auditáveis e padronizados. O resultado é a redução de custos, o que leva a uma vantagem estratégica.

7. Falha na previsão de demandas

As empresas precisam prever a demanda de modo assertivo para evitar custos desnecessários por estoque excessivo ou escasso. É fundamental conhecer o mercado, bem como sua sazonalidade, e antecipar-se a informações sobre demanda ou retração.

A gestão do estoque é um ponto fundamental na logística e pode impactar o preço do produto e a lucratividade do negócio de modo significativo. É necessário contar com um controle de entrada e saída de itens bem estruturado.

Para isso, é necessário estudar os relatórios de vendas e identificar os produtos e serviços com maior e menor giro. Essa avaliação também permitirá analisar os clientes que diminuíram as compras na sua empresa. Assim, será possível tomar medidas para reconquistá-los.

8. Não controlar rigorosamente os custos

É de fundamental importância acompanhar de perto os custos operacionais. Dessa forma, é possível identificar se alguns dos custos podem ser reduzidos, sem que prejudique a qualidade dos serviços oferecidos. Por exemplo: redução de horas extras da equipe ou minimizar o uso da frota.

9. Ignorar os resultados

Complementando o que foi dito no primeiro item dessa lista, sobre os gestores tenderem a deixar de se preocupar com o desempenho quando os resultados estão bons, mensurar estes resultados em qualquer circunstância possibilita identificar ajustes necessários que possam ser executados, seja para corrigir ou otimizar processos.

Analisando esses 9 erros da logística empresarial, fica fácil identificar o que é necessário para que sua empresa atinja resultados mais eficientes.

E a sua empresa, comete algum desses erros? Se a sua resposta é sim, precisa mudar os processos agora mesmo!

Uma consultoria empresarial pode ser a resposta que você precisa para não comentar mais erros, ou evitá-los. Fale com nossos consultores!

Supply Chain e Logística

Qual a diferença entre Supply Chain e Logística?

É comum a confusão entre os conceitos.

Apesar da expressão inglesa “Supply Chain”, ou “Cadeia de Suprimentos” em português, ser um conceito relativamente novo, ela tem sua origem no surgimento da logística como objeto de estudo em 1950.

Enquanto a logística tem seus esforços concentrados no transporte físico de mercadorias e em todo o suporte necessário para que isso ocorra, a supply chain vem com uma visão mais ampla, planejando todo o fluxo do produto e sua relação com o negócio e os clientes.

Quer ter uma ideia mais clara sobre essa diferença? Então continue lendo este artigo!

Afinal, o que é a Logística?

Basicamente, a logística é responsável pela movimentação dos produtos de um lugar para o outro e por toda a documentação ligada a esses processos. Tem raiz na Era Napoleônica: época de guerra que necessitava da locomoção de bens militares e de suprimentos. Evoluiu ao longo dos anos para lidar com a dinâmica dos produtos da empresa até o consumidor final.

Essas atividades, portanto, passaram a englobar não somente o transporte em si, mas também a análise estratégica para definir os meios mais eficientes e adequados a cada tipo de produto, o uso das tecnologias de transporte e rastreio, gestão de riscos e o controle de cargas e descargas.

E o que é Supply Chain?

O Supply Chain representa todas as atividades de compra de insumos e produtos, transporte, estocagem, infraestrutura, transformação, embalagem, gerenciamento interno, venda e distribuição aos clientes e até mesmo a processos relacionados à criação de novos produtos, atendimento ao consumidor, controle financeiro e ao marketing.

O conceito da cadeia de suprimentos cresceu a partir do campo da logística nos anos 1980 como um processo mais estratégico, abrangendo todos os aspectos de como as empresas fornecem matérias-primas, produtos de manufatura e distribuição para revendedores e clientes.

Logística é parte integrante da Cadeia de Suprimentos

De modo geral, a logística inclui:

• Transporte de entrada;
• Armazenagem;
• Transporte de saída;
• Execução;
• Logística Reversa;

Enquanto o Supply Chain Inclui:

• “Logística”;
• Fabricação;
• Compras / Aquisição.
• Planejamento de demanda;
• Planejamento de fornecimento;
• Gerenciamento de estoque;
• ERP;
• Melhoria contínua;

E quais são os benefícios de uma gestão eficiente de Supply Chain?

Dentre muitos, podemos resumi-los em três: redução de custos operacionais, aumento de receita e aprimoramento de serviços.

Não é à toa que a supply chain tem alçado um papel estratégico de suma importância nas organizações.

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Transformação Digital

Tsunami de Possibilidades

Devemos investir primeiro nas ““necessidades” ou nas “possibilidades”?

Por *Paulo Eduardo Corazza

Tempestade Perfeita – O rápido surgimento de novas tecnologias modificam demasiado nosso ambiente de negócios criando o que se tem chamado de “tempestade perfeita” (ref. livro The Perfect Storm , lançado em 1997, quando o uso da expressão se intensificou, aplicando-se a qualquer evento em que uma situação é drasticamente agravada em decorrência de uma combinação excepcionalmente rara de circunstâncias).

Tempestade significa tormenta, uma chuvarada de novos problemas a serem enfrentados, sem dúvida, e o uso potencial dessas novas tecnologias e práticas criam enormes desafios recheados de dúvidas, tanto para quem é de tecnologia como muito mais para quem é do negócio.

Essa tempestade no caso é formada pelo avanço das tecnologias como Mobilidade, Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing, Analytics, Inteligência Artificial, Blockchain, Computação Cognitiva, 3D Printing; e quando combinadas criam um novo universo digital para pensar e atuar.

Olhando pelo lado positivo, criamos o mundo das “possibilidades”. Abrem-se novas oportunidades para questionar e melhorar a forma como as coisas são criadas e consumidas hoje em dia e para o futuro. Um novo conjunto de demandas surge junto com o desafio de como iremos atendê-las. É uma nova agenda a ser mantida.

Campo das Possibilidades

Para tentar entender o que seria essa agenda de inovação, precisamos refletir sobre alguns pontos de nosso ambiente de negócios pensando nas possibilidades:

  • Seria possível levar o negócio para novos e promissores rumos e/ou a patamares mais altos?
  • Pensando no Cliente, se pudéssemos “ouvir literalmente” o cliente e efetivar uma venda de ponta-a-ponta por canais digitais, isso aumentaria sua satisfação e as vendas?
  • No âmbito industrial, seria possível evitar perdas de produção a partir de sintomas das linhas de produção? Seria possível “conversar” com as máquinas como os médicos fazem com seus pacientes? Há como ‘vacinar” as máquinas para não pararem?
  • Será que eu, como Gestor, sei que as regras do negócio foram corretamente aplicadas?
  • Como posso inovar mantendo ou arriscando pouco o que já conquistamos? Quais mudanças podemos fazer já? Quanto custaria? De onde vou tirar orçamento para isso?
  • Devo “pagar pra ver” ou “o fornecedor tem que investir primeiro?”
  • Devo usar start-ups para surfar essa onda de experimentos sem atrapalhar meus projetos ?
  • Como conduzir a integração dos experimentos que deram certo com meus processos atuais (e “antigos”)?
  • Como dar dimensão corporativa e fazer com que os projetos experimentais ganhem escala?
  • Minha empresa, os executivos e as pessoas da operação estão preparadas e capacitadas para essa transformação?

Muito provavelmente estas perguntas nunca foram feitas internamente ou várias ainda estão sem resposta. Pensar em inovação apenas como resultado de uma tempestade parece algo negativo, não faz sentido em si, muito embora as dores de cabeça de muitos executivos só aumentam quando se tem que falar sobre investimentos já conhecidos disputando espaço com a inovação numa mesma pauta. De qualquer forma essa agenda de inovação é importante e precisa ser considerada.

Investir nas Possibilidades

Os investimentos em capacitação pensando primeiro nas “necessidades” ou nas “possibilidades”?

O investimento “de sempre” foi feito para criar capacidade de operar o “core business”, suportar decisões de necessidades que já sabemos, seja para hoje e para um futuro previsível. Exemplos disso são projetos de atualização das aplicações empresariais (ERP), na automação de fábrica ou de lojas, comércio eletrônico e sistemas analíticos, focados quase sempre em manter ou melhorar a eficiência e expandir mercados e vendas. Cabe lembrar que eficiência sempre tem um limite: 99,99% e aí para.

O orçamento de investimentos TI e de Negócios são anualmente definidos separadamente, conhecidos e sempre sob pressão, pois estão atrelados aos resultados potenciais ou reais de negócio. Se vão bem, tem dinheiro, se vão mal, bem… “segura a mão”. Mesmo assim, tem sido difícil decidir onde investir mesmo quando sabemos ou prevemos os resultados.

Ocorre que, na maior parte das empresas que consideram inovação importante (e são poucas!), ela aparece como uma agenda paralela aos dos projetos tradicionais e quase sempre de responsabilidade de TI e ela quase sempre perde prioridade, não está no orçamento. Nem de TI e nem do Negócio.

Mas deveríamos ter um orçamento de inovação para TI e outro para o Negócio? Deveriam existir agendas separadas para inovação e a tradicional, que toquem os investimentos de negócio mais tradicional ? A resposta para isso é que a agenda deve ser única.

Agenda de Transformação Digital

O que parece estratégico e urgente é conhecer e testar essas novas tecnologias já – ou o quanto antes – para criar possibilidades de revitalizar o negócio ou até modelos inéditos e disruptivos. Isso irá induzir novas necessidades a serem atendidas (que ainda não sabemos quais e nem exatamente como), criar novas capacidades, modificar ou descontinuar práticas e recursos. E fazer isso antes dos concorrentes, obviamente.

O exercício obrigatório dos executivos de TI e de Negócios é entrarem juntos nessa tempestade perfeita que está em curso. Há que se destinar uma pequena parte do “investimento core” para projetos de inovação, mesmo sabendo que o pay-back muitas vezes será de difícil comprovação. Estamos inseridos no contexto global e essa tempestade vem em forma de “tsunami” destruindo as “casas mais frágeis ou despreparadas”. Por aqui no Brasil, nesses tempos de crise e de baixo crescimento, sobra pouco para explorar possibilidades, assim precisamos ser ainda mais criativos e colaborativos.

Deve-se aproveitar que os recursos tradicionais sofrerão revitalização em algum momento e parte desse orçamento pode ser revisitado. Podemos sim contar com a ajuda de grandes fornecedores e start-up´s interessados em desvendar novos caminhos, mas a empresa deve ser líder dessa transformação, e não ficar dependentes de sua boa vontade, pois não construiremos o nosso caminho, não veremos a transformação acontecer de verdade.

Uma forma correta para unir forças é ter uma Agenda de Transformação Digital, única, da empresa e não de TI. Essa agenda deve trazer a inovação como bandeira, juntando orçamentos de TI e Negócios, conduzindo ações estratégicas que busquem investigar possibilidades, atender necessidades, manter e criar novas capacidades, expandido pouco-a-pouco, como numa jornada. Essa jornada deve ser percorrida de forma conjunta com visão única de médio e longo prazos; mas com ações simples, de curto prazo e de baixo investimento que mostre caminhos para viabilidade, mas sem compromisso de pagar a conta da jornada toda logo de entrada.

Um fator crítico de sucesso além de ter a agenda clara, é realizar uma gestão integrada. Estes projetos não são projetos de TI e sim do negócio. Deve-se fazer uso de métodos ágeis e criativos, que coloquem todas na mesa sala, buscar engajamento top-down e bottom-up, consumindo investimentos com menores riscos que permitam redirecionamento em função dos resultados; buscando objetivos de sustentação e de expansão das fronteiras das empresas e dos negócios. A hora da Transformação Digital é agora. Tsunami à vista.

Sua empresa já tem uma agenda assim ?

*Autor: Paulo Eduardo Corazza – Consultor em Supply Chain e Transformação Digital. – Nov. 2018.

Leia também: Indústria 4.0 – Por que precisamos nos reinventar?

Blockchain pode reduzir custos com estoques?

A máxima na gestão de estoques ensina que “formar estoques é um mal necessário”.

O excesso é danoso ao negócio, mas se faltar a coisa fica bem pior.

A necessidade de se formar estoques de mercadorias ou matérias primas se dá pelas incertezas geradas na cadeia de suprimentos, onde estes são usados para garantir a execução das etapas produtivas e/ou do consumo da cadeia caso o fornecimento planejado venha a falhar. Há outras decisões de negócio que colaboram para formação de estoques ligadas à lançamentos de novos produtos, ofertas programadas, gestão de preços e especulação. Mas quando a gestão falha ou a estratégia não funciona, surgem custos indesejados, impactos negativos na margem e/ou até perda de vendas.

Os sistemas e tecnologias de planejamento de demanda, gestão de estoques e planejamento da produção tentam há decadas evitar os excessos e faltas, fazendo uso de modelos estatísticos e equações complexas. Nesse contexto, um importante fator levado em conta nas formulações de demanda é o chamado “forecast error” ou “erro de previsão de vendas”, que tenta traduzir o percentual de incerteza que existe no processo de venda.

Outros fatores ligados aos tempos gastos na reposição (preparação e aprovação de pedidos, trânsito físico das mercadorias, manipulação nos centros de distribuição, burocracias fiscais e alfandegárias) quando multiplicados pela demanda diária prevista e somadas ao estoque de segurança, projetam o estoque de cobertura, necessário para a operação regular da cadeia de suprimentos. Assim, quanto menor for a confiança e conhecimento que se tem das partes envolvidas e da operação, maior será a proteção colocada em forma de estoques.
Blockchain propõe aumentar a confiança e conhecimento sobre a operação de ponta-a-ponta, trazendo ampla participação com mais qualidade e sincronização das informações, maior agilidade para mudanças, maior confiança e menos riscos. Menos incerteza traz como resultado menos estoque.

Para que o modelo de negócio utilizando Blockchain realmente funcione serão necessárias algumas condições:

Primeiro: #todosvencemjuntos

O engajamento da empresa-cliente/consumidor, com seus fornecedores, parceiros financeiros e logísticos, bem como entidades governamentais, de certificação de qualidade, de operação de TI, Provedores de Redes de EDI, etc; colaboram para que cada transação tenha o nivel de exatidão e comprometimento esperado pelas partes. Pelo Blockchain todos “falam a verdade” em cada transação ou “bloco” e essa verdade é única e conhecida por todos, que só têm a ganhar nesse processo. Se a estratégia não considerar essa premissa, não há como aproveitar o Blockchain de forma efetiva.

Esse engajamento não é apenas “burocrático” entre as empresas, mas sim uma transformação deve ser implementada nos processos de negócios das empresas e abraçado por todos os departamentos da cada uma delas, que se falam diretamente e sem intermediários pelos “blocos” do Blockchain – financeiro com financeiro, bancos com compras, logistica com transportador, vendas com logistica, logistica com produção; etc.

A confiança entre as pessoas das empresas é a chave para o sucesso do Blockchain, e o Blockchain em si é a garantia de que todas falam a verdade, seja ela boa ou ruim para o negócio. Em situações de crise ou erros (e é verdade que eles vão acontecer), a confiança mútua cria condições ideais para resolver problemas com menores perdas para todos.

Segundo: Verdade só tem uma

Uma transação reproduz um acordo feito pelas partes, e só deve ser modificada com o consenso das demais, ou pelo menos das partes sensíveis. E se modificada, deve ser conhecida e aceita por todos os envolvidos, o mais breve possível, e já que estamos na era digital, em tempo real.

Grande parcela de falhas na cadeia logística ocorrem por falha na comunicação de cadastros de clientes e produtos, ora desatualizados, incorretos ou inexistentes. Isso é causado em geral pela complexidade dos sistemas de gestão empresarial adotados pelas empresas (“ERPs”), pela falta de integração desses sistemas com as demais ferramentas e aplicações que complementam as funções não realizadas pelo ERP e ainda com os outros parceiros da cadeia logística. O despreparo das pessoas na sua operação contribuem para o caos que vemos hoje em várias organizações e nos processos de negócio.

Apesar dos esforços de entidades de classe para catalogar códigos de produtos (ex. EAN, UPC) e criar mecanismos de intercâmbio de dados (ex. EDI) as falhas ocorrem pois cada empresa opera do seu modo, usa sistemas, adotam políticas e controles próprios, onde a tradução dessas informações entre as empresas quando existem nem sempre funcionam direito.

Muitas das causas de ruptura de estoques em centros de distribuição e almoxarifados industriais ocorrem por conta de pedidos colocados no fornecedor que simplesmente não chegam, pois o pedido estava parado, pois tinha um dos itens “bloqueado ou cancelado” e pela regra comercial o pedido não poderia ser atendido parcialmente. E ninguem avisou!

Blockchain permite a criação de “contratos padronizados”, que todos adotam e atualizam mantendo neles uma base de cadastros única. Assim, se a empresa responsável pelo fornecimento de um produto promove uma mudança de especificação ou coloca o produto num processo de descontinuação em seu sistema, o bloco de dados no Blockchain irá imediatamente refletir isso, todas as partes ficam sabendo e regras de negócio pré-programadas podem atuar alertando de forma automática eventuais trocas de produto e ajustes nas transações a ele associadas. Esse mesmo conceito se aplica a preços, dados logísticos, status de entrega, ocorrências em processos produtivos, entraves burocráticos, fiscais e juridicos.

Blockchain obviamente irá preservar “segredos” comerciais entre as partes envolvidas, fruto de negociações, práticas de concorrência e acordos que dizem respeito a dois ou mais parceiros, sem afetar os demais e as práticas de transparência na rede.

Terceiro: Dinheiro na mão, mercadoria no chão.

Uma mercadoria em geral se movimenta fisicamente dentro da cadeia de suprimentos tão rápida e eficientemente tanto quanto a informação e o dinheiro à ela associados. Em outras palavras, se um fornecedor recebe um pedido firme do cliente, com a garantia de receber o pagamento tão logo a mercadoria chegue no destino, ele fará de tudo para que isso ocorra o mais rápido e correto possível. Numa situação inversa, se a empresa pagadora não tem informação que o produto encomendado chegará na data combinada e o histórico mostra alguma ineficiência, ela não irá se comprometer em pagar na data combinada, e isso em geral é colocado como “prazo” de proteção, encarecendo o custo da operação e provocando atrasos aceitos naturalmente pelos operadores. O banco terá que esperar o “ok” definitivo para processar o pagamento e eventuais adiantamentos ou descontos de duplicatas acabam custando bem mais do que o permissível.

Pedidos bloqueados por crédito são uma das causas mais comuns de atraso no despacho de mercadorias, que estão prontas para embarque, mas que não seguem pela falta de garantias.

O Blockchain dá visibilidade e sincronicidade para a transação, onde cada bloco mostra as etapas do fluxo acontecendo em tempo “real” e em todos os seus aspectos e mudanças que venham a ocorrer, sejam do produto e qualidade, comerciais, financeiros, documentais, logisticos e jurídicos.

Desafios da adoção e Benefícios

No curto prazo, a padronização e sincronização das etapas da cadeia logística promovidas pelo Blockchain integrado aos Sistemas de Gestão das Empresas tem tornado a tomada de decisão bem mais rápida e acertada, encorajando mais e mais empresas a buscar mais agilidade e coragem para se transformar.

Contudo, o resultado prático nos níveis de estoques não são fáceis de se verificar, pois as empresas carecem de processos, regras e ferramentas adequadas de planejamento e gestão de demanda e de estoques que sejam capazes de separar com exatidão o que foi fruto de uma “evento isolado” de compras ou foi devido à reparametrização dinâmica de sistemas de reposição modificados com dados e usos do Blockchain.

No médio e longo prazos (que ainda está por vir) os benefícios serão notados pela qualidade medida nos níveis de serviços, refletidos na maior qualidade no cadastro, no cumprimento de prazos, menor nível de cancelamentos de pedidos, menores índices de desvio das previsão de vendas, menos rupturas e consequentemente menos estoques.

Por Paulo Eduardo Corazza

Supply Chain Cognitivo

Há muito que os estudos, livros e experiências buscam nos instruir em como construir uma Cadeia de Suprimentos Integrada (ou Integrated Supply Chain).

Nos anos de 1980-90, o desenvolvimento dos primeiros pacotes de Sistemas Integrados de Gestão (ERP-Enterprise Resource Planning) vieram para substituir aos então sistemas feitos “in-house” com a promessa de integrar tudo a todos, trazendo nestes as melhores práticas operativas e a formalização de processos.

Seu sucesso, contudo, sempre dependeu de uma estrutura organizacional formalizada em papéis e responsabilidades bem definidos, operando por processos e uma equipe sempre motivada (e monitorada) para trazer maior produtividade, qualidade e performance, mas que falha sistematicamente por estar diante de dados e fatos nem sempre confirmados.

Agora as novas tecnologias como mobilidade e geolocalização, analytics, IoT-Internet-das-coisas, Inteligência Artificial, Blockchain, entre outras tantas permitiram um salto qualitativo e mais abrangente nessa jornada, trazendo um novo desafio à mesa – Construir um Supply Chain Cognitivo.

Um Supply Chain Cognitivo se constrói criando a capacidade de “ouvir e sentir” a operação, prever necessidades, otimizar operações e “responder” prontamente com ações para tornar os processos mais autônomos e eficazes.  Esta capacidade trará maior controle e melhores condições de agir rapidamente, no lugar e medida corretos, ampliando as fronteiras de operação das pessoas e das empresas. 

Algumas características sugeridas para um SC Cognitivo:

Supply Chain Cognitivo

Por Paulo Eduardo Corazza

Referências: (1) IBM Institute for Business Value - Redefining Ecosystems – The COO Perspective, 2015; (2) Recommendations for implementing the strategic initiative industrie 4.0 – Interconect 2016.

Reposição Perfeita ou “Pedido mais que Prefeito”

Já tem pelo menos 15 anos que a indústria de produtos de consumo mede a performance de sua cadeia de suprimentos através do que se denomina “pedido perfeito”; ou “como estou atendendo o pedido feito pelo varejo, no prazo, na quantidade e na qualidade exigidas?”.

Esse indicador tem ajudado as empresas mundo afora, incluindo o Brasil, a medir e aperfeiçoar seus processos, recursos e sistemas de gestão e de atendimento, estabelecendo ganhos contínuos de performance e lucratividade. A evolução atingiu níveis bem elevados nos países mais maduros.

Contudo há uma pergunta adicional e igualmente importante a ser respondida que é: “Quão eficaz tem sido as entregas recentes em atender à demanda do consumidor dos meus produtos? “.
Face aos recentes avanços tecnológicos e métodos de gestão colaborativa entre indústria e varejo, novas métricas que complementam o Pedido Perfeito podem trazer novos insights e aumentar o rigor na execução de importantes atividades de gestão da cadeia de suprimentos e responder essa questão de forma mais abrangente. São elas:

  • Reabastecimento por sinais de demanda – O conceito propõe tratar os sinais de demanda vindos das “gôndolas e seus modelos analíticos”, com medir Entregas Realizadas versus Demanda do Consumidor.
  • Análise e Predição das condições para ruptura – Rupturas ou faltas de estoques nas gôndolas permanecem em níveis elevados. Saber identificar as causas, impactos e que proporção das faltas derivam de ineficiência na cadeia de suprimentos é essencial.
  • Conformidade com parâmetros de estoques – Combinar as informações sobre pedidos, estoques e a demanda do consumidor resultam em melhores avaliações para os parâmetros de reposição de forma mais dinâmica.

Essas novas métricas compõem o Índice de Reposição, ou Replenishment Index, que combinado com o Pedido Perfeito fornecem uma poderosa capacidade de mover-se em direção a uma operação de alta performance para ambos, indústria e varejo.

A Implementação

Introduzir novas métricas em uma organização pode ser desafiador e muitas vezes controverso. A reconfiguração de tecnologia, processos e organizações, necessárias para construir as métricas precisa trazer resultados, o que é sempre muito difícil. Comportamentos acompanham incentivos e incentivos acompanham métricas.

Mesmo assim o mercado se move na direção de ter essa capacidade de medir e se transformar, visando benefícios como a redução de rupturas, diminuição da variabilidade nas previsões de demanda, menos cancelamentos de pedidos e devoluções e oportunidade para reduzir estoques de segurança. O resultado final é um menor impacto de custos de capital com estoques, aumento de vendas e melhor nível de serviço. E para maior sucesso nessa jornada, algumas recomendações são pertinentes:

  • Saber lidar de forma eficaz com a fragmentação de dados e clara definição das métricas
  • Test & Learn – “aprender com os dados” – iniciar priorizando uma área, segmento, região, produto ou cliente, ganhando experiência necessária para evoluir.
  • Abordagem menos rigorosa para mercados menos maduros – No Brasil, onde se vê maior fragmentação na distribuição, maior enfase no crescimento da receita e expansão, informações menos confiáveis e com indicadores ainda sub-otimizados, as definições e metas devem ser menos rigorosas pois são mais difíceis de se construir.
  • Aplicar casos de uso – Embora se espere uma avaliação global de benefícios, o melhor é escolher um caso e desenvolver a compreensão mais clara e avançada do mesmo, com um compromisso de melhoria de desempenho mais tangível.
  • Novas métricas requerem novos sistemas para medir – Aumentar a visibilidade com novas métricas dão maior agilidade às empresas. Esse poder combinado de novas medidas e processos melhorados impulsionam os ganhos com as melhorias.

Conclusão:

A adoção de métricas associadas a Pedido Perfeito ajudou a desencadear em mais de uma década muitas melhorias na cadeia de abastecimento. Agora são necessárias medidas novas e adicionais que compõem o Índice de Reposição para ir além dos portões do CD do varejo, manter o ritmo com os avanços e dar a direção para a Reposição Perfeita. Os dois índices são complementares e podem impulsionar uma próxima geração de desempenho da cadeia de suprimentos.

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Blockchain aposentará os sistemas atuais?

Blockchain é considerada por especialistas como um “tsunami” que irá permear (ou inundar mesmo!) os negócios daqui por diante até se tornar indiscutível e presente em todas as etapas da cadeia de valor.

Essa onda deverá provocar muitas mudanças nos processos e sistemas atuais.

Falando de Supply Chain, a adoção do Blockchain nesse escopo está num estágio inicial com vários casos implantados, já faz parte da agenda de muitos executivos, fornecedores e técnicos.  Contudo, como toda nova tecnologia ou conceito, ainda recebe críticas de sua real capacidade, leva tempo para ser entendido em termos de funcionamento, benefícios e riscos, ser testado, adotado e implementado; ou eventualmente não servir.

Quem viveu a época do Código de Barras, na década de 90 no Brasil, viu que só decolou depois que as grandes redes de varejo resolveram adotá-la, impondo a capacitação aos fornecedores locais para continuar no negócio.  Creio que com Blockchain ocorrerá o mesmo. Demora, mas chega!

Mas o que fazer com os Sistemas Atuais?

Não se pretende aqui declarar a simples aposentadoria dos sistemas legados, mas sim pensar numa cadeia logística mais eficiente com Blockchain potencializando o atual poder dos atuais sistemas já consolidados, integrando-os através de APIs ou Application Program Interfaces, capazes de compartilhar as informações essenciais entre os os sistemas, transformando os processos e executando as tarefas que requerem compartilhamento numa nova rede distribuída e certificada.

Blockchain neste contexto deverá inicialmente ocupar 2 espaços importantes na cadeia de suprimentos, dentre tantos “use cases” já identificados. O primeiro é o dar maior visibilidade aos processos e o segundo é da integração plena, temas que até hoje carecem de soluções 100% confiáveis e completas.   São passos importantes para se ter um Control Tower Powered by Blockchain. Atualmente os sistemas que tentam cumprir essa função de pertencem a empresas que são “partes” da cadeia e buscam entregar a sua parte da melhor forma possível.  

Os Sistemas de Informação como os conhecemos, com ERP´s, Soluções de SCM, EDI e mais recentemente os aplicativos móveis cumprem bem uma parcela dessa integração, mas como cada empresa tem o seu, e investiu para ficar com a “sua cara” a proposta destes é sempre ficar dentro de sua cota responsabilidade, limitada a poucos pares de clientes e seus principais fornecedores e no escopo dos processos logísticos e cadastros localizados. Ficam de fora boa parte das regras fiscais, contratos comerciais, crédito e pagamentos, avaliação de risco, demandas cartoriais, certificações de entrega e qualidade; feitas de forma paralela e manual, tornando o fluxo operacional mais lento, obscuro, caro e falível.

Podemos citar várias características dos sistemas atuais que impedem a melhor integração dos processos:

  • Cadastros de produtos e clientes – cada empresa tem o seu e faz um “de -para” para conciliar seus pedidos e faturas – perda de qualidade das informações e erros operacionais;
  • Regras comerciais e logísticas programadas de forma diferente em cada sistema – disputas por desconhecimento ou enganos tratados de forma manual apartada;
  • Constante troca de e-Mails – retrabalho para conciliação manual – lentidão e falhas;
  • Versão da verdade desatualizada – atraso em processos e aumento no tempo de ciclo;
  • Interfaces ponto-a-ponto – tradução de formatos – dependência de terceiros – baixa flexibilidade para novos entrantes – não escaláveis – sem devida proteção ao risco cibernético;
  • Custos adicionados pela imposição de formatos e ferramentas usadas pelas grandes corporações;
  • Fluxos financeiro e fiscal apartados – conciliação complexa – fluxo reverso dificultado;
  • Gestão de fluxo dependente de pessoas e processos manuais – lentidão e falhas;
  • Baixa visibilidade do processo de ponta-a-ponta;
  • Baixa colaboração em caso de erros ou rupturas no processo.

Virtudes da Cadeia de Valor integrada com Blockchain

Com a adoção de plataformas comerciais apoiadas em Blockchain conseguimos vislumbrar uma forma nova de executar a cadeia de valor:

  • PEDIR: Informação da necessidade de consumo ou reposição, aprovada, agregada, postada e atualizada pelos clientes a cada etapa, visível em tempo real a todos de sua cadeia de valor, propiciando melhor visibilidade das demandas e condições desejadas;
  • NEGOCIAR: Regras e contratos padronizados, políticas comerciais flexíveis e uniformemente aceitas e refletidas nos sistemas de cada participante, usando contratos inteligentes (smart contracts) e permitindo novos players e maior competitividade;
  • ATENDER: Condições de venda, dados técnicos, atendimento, produção, compra/revenda, transportes, armazenagem, recebimentos, devoluções, dificuldades, ajustes feitos, reversões, … 100% alinhadas às necessidades postadas e assinadas eletronicamente por todos os agentes da cadeia de valor, por menor que seja esse agente (um prestador de serviço, um consumidor, um órgão fiscal regulador, …);
  • LIQUIDAR: Créditos, pagamentos e transferências de valor realizados de forma sincronizada com o fato-gerador, usando as moedas, meios de pagamento e novos mecanismos de compensação financeira diminuindo tarifas e overheads;
  • CONTABILIZAR: Faturamento, Registros contábeis e fiscais, além do Livro-razão de cada um dos players 100% conciliados com as transações de “ida-e-volta” em toda a cadeia (cópias imutáveis e distribuídas da contabilidade); e
  • ACOMPANHAR: Workflow de cada etapa gerenciado de forma on-line por uma plataforma (e não por uma empresa), com visão única das transações e status a todos os participantes.

A adoção de Blockchain se dará obviamente na medida em que as empresas percebam sua viabilidade e justificativa, experimentem os benefícios que a tecnologia sugere, promovendo o controle e acesso à informação de forma mais democrática e abrangente, maior segurança, transparência, confiança, flexibilidade, reduzindo custos, permitindo maior alcance a empresas, mercados e novos modelos de negócio. 

Para que isso seja realidade é essencial que as empresas, governo e cidadãos trabalhem juntos para:

  • Buscar consistentemente uma operação mais eficiente e focada no cliente, beneficiada pela sua integração e execução mais inteligente (a lista de oportunidades é farta!);
  • Conhecer e incentivar as plataformas de Blockchain, que estão se formando, avaliar sua viabilidade e promover o engajamento adequado; e
  • Construir planos de transformação que aproveitem e potencializem o que de melhor as soluções já implantadas e consolidadas já oferecem e torná-las mais digitais, considerando a adoção de Blockchain, e ainda combinando com outras tecnologias de inteligência Artificial, Processos Robotizados, Mobile e Cloud.

Por Paulo Eduardo Corazza

Leia também: Devemos investir primeiro nas ““necessidades” ou nas “possibilidades”?

Digitalização de Compras: uma nova proposta de valor

Na carona no Supply Chain 4.0 a área de compras surge com o termo “Procurement 4.0”. O conceito por trás desse título busca impulsionar os principais agentes de compras para repensarem o valor agregado pela função compras dentro das organizações.

Com as novas oportunidades oferecidas pela digitalização e grandes dados, as fronteiras organizacionais tradicionais entre pesquisa e desenvolvimento, fabricação, compras e, em alguns casos, toda a cadeia de suprimentos ser tornarão cada vez mais disperso.

A divisão de compras, como principal proprietário da interface do fornecedor, pode manter – e até aumentar – a sua proposição de valor distintivo dentro da empresa, aproveitando algumas dessas novas oportunidades. Ele pode criar novos modelos de negócios para si próprio e passar de ser um centro de custo para um centro de lucro. Isso é possível porque a aquisição possui know-how estratégico sobre fornecedores e seus mercados e uma experiência profunda sobre os bens e serviços que são adquiridos, bem como as alternativas em oferta, incluindo inovações emergentes. Todo esse conhecimento representa um bem que ganha um enorme valor no mercado de hoje.

Além disso, as aquisições podem usar seus valiosos dados de clientes para gerenciar melhor os fluxos de transporte, inventários, requisitos de armazém, inspeções de qualidade e outras partes da cadeia de suprimentos. As organizações de compras capazes podem fornecer este valor, não só internamente, para outras funções, mas também externamente, para fornecedores e clientes. Eles também podem monetizar seus aplicativos de campo e dados de uso do cliente vendendo de volta aos fornecedores. Esses fornecedores poderiam, por sua vez, usar essas informações adicionais sobre seus produtos para gerar mais especificações e aplicativos orientados para o destino, levando em última instância ao design de mais produtos eficientes em termos de custo e eficiência.

Categorias do universo digital e aquisição de serviços especializados

As novas tecnologias levarão a novas necessidades de negócios, o que se refletirá em novos requisitos para o departamento de compras. Um desses requisitos será capturar, analisar e atuar em dados em tempo real, uma atividade no coração da Indústria 4.0. Cada vez mais, os dados chave serão registrados usando sensores, analisados ​​em tempo real e transformados em ações por atuadores e outros dispositivos, sendo disponibilizados em tempo real para parceiros de cadeia de valor. Além disso, as pessoas, os objetos e os sistemas serão cada vez mais conectados através de comunicação de dados, transformando cadeias de valor em “redes de valor” maiores – conjuntos de conexões entre organizações e indivíduos que interagem uns com os outros para beneficiar todo o grupo. Para aquisição, isso significará principalmente que certos itens, como sensores inteligentes, atuadores de comunicação e controladores e software associados, serão obtidos com muita freqüência do que antes. Certas categorias de itens, como eletrônicos, crescerão, enquanto outras podem encolher e até desaparecer.

Não só as empresas mudam o que compram, pois incorporam o Procurement 4.0, mas, mais importante, também mudarão as formas em que eles compram. A compra de serviços aumentará dramaticamente, por exemplo, levando à necessidade de muitas abordagens de contratação novas e diferentes para garantir que as empresas recebam o melhor valor para o seu dinheiro. Além disso, haverá muitas implicações de propriedade intelectual – para não mencionar questões regulatórias – em torno da propriedade dos dados coletados pelos sensores quando os produtos finais são vendidos e em uso. Quem possui os direitos sobre esses dados? O fornecedor do sensor? O sistema de controle e o provedor de software? O integrador de produtos que vendeu o produto ao cliente? Ou o próprio cliente?

Cadeia de fornecimento digital e gerenciamento de fornecedores

É um sonho de fabricação para as idades: a capacidade de integrar todos os dados de clientes, distribuidores, produção cativa e fornecedores em tempo real para otimizar o desempenho da cadeia de suprimentos – reduzindo assim o tempo de entrega e os custos de frete e estoque, melhorando a experiência do cliente e até mesmo o desempenho do fornecedor. A partir de 2016, é claro que esse sonho não será realizado por grandes provedores centrados em ERP. Em vez disso, uma série de provedores especializados ágiles, como a Kinaxis e a Elementum, integrarão ERP, sistemas de execução de fabricação e dados de fabricação e logística de todos os parceiros de uma determinada cadeia de valor. À medida que esta integração de dados da Procurement 4.0 ocorre, as aquisições desempenharão um papel fundamental na obtenção de fornecedores a bordo e na otimização da cadeia de fornecimento de ponta a ponta.

A integração de dados também irá alterar substancialmente a gestão de fornecedores. Um bom exemplo – um de muitos – é o gerenciamento de risco do fornecedor. As empresas poderão empregar grandes análises de dados, considerando quantidades enormes de dados de clientes, financeiros e externos – desde o tempo todo até classificações de crédito – para prever mudanças nas classificações de risco. Eles terão a opção adicional de alimentar mudanças nas classificações de crédito automaticamente no sistema de gerenciamento de risco do fornecedor.

Utilização inovadora de dados de aquisição

A análise de dados provavelmente é o facilitador mais importante para o Procurement 4.0. Tecnologias inteligentes e algoritmos permitem que grandes volumes de dados de muitas fontes heterogêneas sejam agregados, processados ​​e analisados. As análises resultantes podem ser usadas para entender fornecedores, mercados e clientes; prever as tendências do mercado; e examine as falhas de máquinas e produtos. Eles podem permitir que os empregadores tomem decisões melhores e mais informadas. E, em alguns casos, eles podem gerar decisões de compras automaticamente.

Analisar dados e usá-lo inteligentemente é, portanto, um dos principais fatores de sucesso para as empresas que desejam aproveitar o potencial do Procurement 4.0. Conforme observado anteriormente, por exemplo, os fornecedores podem ser fornecidos com análise de dados de aplicação de campo para melhorar o design e o desempenho de seus produtos. Informações preditivas sobre onde e quando esperar a próxima falha oferecerão a oportunidade de otimizar os serviços de manutenção e a disponibilidade de peças sobressalentes.

Será responsabilidade das aquisições garantir que todas as oportunidades oferecidas à empresa através da análise de dados importantes sejam maximizadas, trabalhando com fornecedores para permitir que a empresa e o fornecedor se beneficiem das melhorias resultantes na eficiência da cadeia de suprimentos.

Processos e ferramentas digitais

As tecnologias digitais ajudarão a aumentar a colaboração, a análise e o engajamento usando um leque de ferramentas ao longo de toda a cadeia de valor de aquisição, desde o planejamento e o abastecimento até negociações de contratos, entrega de pedidos, pagamento e gerenciamento de fornecedores. Essas tecnologias variam muito em seu impacto e na atual maturidade tecnológica, de modo que as empresas precisam examinar atentamente as duas condições, na medida em que definem uma estratégia de arquitetura de TI que especificará os processos que eles querem apoiar e as ferramentas que eles querem usar, com base em uma mapa rodoviário predefinido. Seja qual for a estratégia, acreditamos que os processos de aquisição digital “devem ter” incluem pedidos digitais de cotações, análise financeira de fornecedores, análise de risco de aquisição, assinaturas eletrônicas e verificação, e colaboração de rede de compras digitais.

Note que investir em novas ferramentas digitais é um meio para um fim – e não o próprio final. Idealmente, esse investimento levará a processos digitalmente automatizados, mesmo além da compra / pagamento transacional, com apenas um suporte manual limitado necessário. Tais ferramentas e processos digitais, além disso, apoiarão a terceirização de processos empresariais e os centros de serviços compartilhados, aumentando ainda mais a eficiência. Em última análise, no entanto, os benefícios irão surgir não apenas da redução de custos, mas também da liberação de recursos de aquisição altamente qualificados de tarefas mundanas e repetitivas para que eles possam se concentrar em oferecer valor ao negócio.

Organização e competências

É claro que os cinco primeiros elementos da estrutura – mesmo que nem todos sejam relevantes para todas as empresas – representam uma tremenda mudança na forma de trabalhar o processo de compras que exigem um “repensar” fundamental em relação à organização e suas capacidades, ou seja, ambas precisarão ser reformuladas ao longo do tempo. As empresas precisarão criar novos perfis de trabalho, por exemplo, seja para compradores de novas categorias de itens, especialistas contratados com propriedade intelectual ou cientistas de dados para manutenção, análise e mineração de dados. Para encontrar esse talento, novas fontes devem ser desbloqueadas com a ajuda de parceiros de cooperação de compras, tais como programas de parcerias universitárias e centros de pesquisa, além de redes sociais ou contratações “bumerangue” – funcionários de alto desempenho recontratados depois de alguns anos ausência. As maiores empresas devem considerar o estabelecimento de suas próprias academias de compras para realizar webinars, treinamento inter-funcional e oficinas de fornecedores. Somente se o pessoal de compras tiver capacidade digital, a empresa pode se beneficiar plenamente das oportunidades oferecidas por meio da digitalização.

Além disso, a digitalização aumentará a globalização e acelerará as comunicações em um mundo cada vez mais conectado. Embora já tenha sido suficiente para ter conhecimento de certos mercados fornecedores, como a China e a Europa Oriental, a Procurement 4.0 exigirá uma organização verdadeiramente global. Por exemplo, ter o núcleo da organização de compras hospedada na sede pode ter funcionado no passado, mas, para o futuro, cada vez mais compradores precisam estar localizados nos mercados de suprimentos mais competitivos para cada categoria.

Conclusão

A introdução do Procurement 4.0 significará desenvolver novas proposições de valor, atender às novas necessidades do negócio e integrar dados em funções e cadeias de valor. Ele exigirá a utilização desses dados de forma proativa e inteligente, ao mesmo tempo em que apresenta processos e ferramentas digitais. Talvez o mais importante, exigirá a remodelação fundamental da organização de compras e suas capacidades para enfrentar os desafios e as oportunidades da expansão da revolução digital global.