Já tem pelo menos 15 anos que a indústria de produtos de consumo mede a performance de sua cadeia de suprimentos através do que se denomina “pedido perfeito”; ou “como estou atendendo o pedido feito pelo varejo, no prazo, na quantidade e na qualidade exigidas?”.
Esse indicador tem ajudado as empresas mundo afora, incluindo o Brasil, a medir e aperfeiçoar seus processos, recursos e sistemas de gestão e de atendimento, estabelecendo ganhos contínuos de performance e lucratividade. A evolução atingiu níveis bem elevados nos países mais maduros.
Contudo há uma pergunta adicional e igualmente importante a ser respondida que é: “Quão eficaz tem sido as entregas recentes em atender à demanda do consumidor dos meus produtos? “.
Face aos recentes avanços tecnológicos e métodos de gestão colaborativa entre indústria e varejo, novas métricas que complementam o Pedido Perfeito podem trazer novos insights e aumentar o rigor na execução de importantes atividades de gestão da cadeia de suprimentos e responder essa questão de forma mais abrangente. São elas:
- Reabastecimento por sinais de demanda – O conceito propõe tratar os sinais de demanda vindos das “gôndolas e seus modelos analíticos”, com medir Entregas Realizadas versus Demanda do Consumidor.
- Análise e Predição das condições para ruptura – Rupturas ou faltas de estoques nas gôndolas permanecem em níveis elevados. Saber identificar as causas, impactos e que proporção das faltas derivam de ineficiência na cadeia de suprimentos é essencial.
- Conformidade com parâmetros de estoques – Combinar as informações sobre pedidos, estoques e a demanda do consumidor resultam em melhores avaliações para os parâmetros de reposição de forma mais dinâmica.
Essas novas métricas compõem o Índice de Reposição, ou Replenishment Index, que combinado com o Pedido Perfeito fornecem uma poderosa capacidade de mover-se em direção a uma operação de alta performance para ambos, indústria e varejo.
A Implementação
Introduzir novas métricas em uma organização pode ser desafiador e muitas vezes controverso. A reconfiguração de tecnologia, processos e organizações, necessárias para construir as métricas precisa trazer resultados, o que é sempre muito difícil. Comportamentos acompanham incentivos e incentivos acompanham métricas.
Mesmo assim o mercado se move na direção de ter essa capacidade de medir e se transformar, visando benefícios como a redução de rupturas, diminuição da variabilidade nas previsões de demanda, menos cancelamentos de pedidos e devoluções e oportunidade para reduzir estoques de segurança. O resultado final é um menor impacto de custos de capital com estoques, aumento de vendas e melhor nível de serviço. E para maior sucesso nessa jornada, algumas recomendações são pertinentes:
- Saber lidar de forma eficaz com a fragmentação de dados e clara definição das métricas
- Test & Learn – “aprender com os dados” – iniciar priorizando uma área, segmento, região, produto ou cliente, ganhando experiência necessária para evoluir.
- Abordagem menos rigorosa para mercados menos maduros – No Brasil, onde se vê maior fragmentação na distribuição, maior enfase no crescimento da receita e expansão, informações menos confiáveis e com indicadores ainda sub-otimizados, as definições e metas devem ser menos rigorosas pois são mais difíceis de se construir.
- Aplicar casos de uso – Embora se espere uma avaliação global de benefícios, o melhor é escolher um caso e desenvolver a compreensão mais clara e avançada do mesmo, com um compromisso de melhoria de desempenho mais tangível.
- Novas métricas requerem novos sistemas para medir – Aumentar a visibilidade com novas métricas dão maior agilidade às empresas. Esse poder combinado de novas medidas e processos melhorados impulsionam os ganhos com as melhorias.
Conclusão:
A adoção de métricas associadas a Pedido Perfeito ajudou a desencadear em mais de uma década muitas melhorias na cadeia de abastecimento. Agora são necessárias medidas novas e adicionais que compõem o Índice de Reposição para ir além dos portões do CD do varejo, manter o ritmo com os avanços e dar a direção para a Reposição Perfeita. Os dois índices são complementares e podem impulsionar uma próxima geração de desempenho da cadeia de suprimentos.
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