Tsunami de Possibilidades

Transformação Digital

Devemos investir primeiro nas ““necessidades” ou nas “possibilidades”?

Por *Paulo Eduardo Corazza

Tempestade Perfeita – O rápido surgimento de novas tecnologias modificam demasiado nosso ambiente de negócios criando o que se tem chamado de “tempestade perfeita” (ref. livro The Perfect Storm , lançado em 1997, quando o uso da expressão se intensificou, aplicando-se a qualquer evento em que uma situação é drasticamente agravada em decorrência de uma combinação excepcionalmente rara de circunstâncias).

Tempestade significa tormenta, uma chuvarada de novos problemas a serem enfrentados, sem dúvida, e o uso potencial dessas novas tecnologias e práticas criam enormes desafios recheados de dúvidas, tanto para quem é de tecnologia como muito mais para quem é do negócio.

Essa tempestade no caso é formada pelo avanço das tecnologias como Mobilidade, Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing, Analytics, Inteligência Artificial, Blockchain, Computação Cognitiva, 3D Printing; e quando combinadas criam um novo universo digital para pensar e atuar.

Olhando pelo lado positivo, criamos o mundo das “possibilidades”. Abrem-se novas oportunidades para questionar e melhorar a forma como as coisas são criadas e consumidas hoje em dia e para o futuro. Um novo conjunto de demandas surge junto com o desafio de como iremos atendê-las. É uma nova agenda a ser mantida.

Campo das Possibilidades

Para tentar entender o que seria essa agenda de inovação, precisamos refletir sobre alguns pontos de nosso ambiente de negócios pensando nas possibilidades:

  • Seria possível levar o negócio para novos e promissores rumos e/ou a patamares mais altos?
  • Pensando no Cliente, se pudéssemos “ouvir literalmente” o cliente e efetivar uma venda de ponta-a-ponta por canais digitais, isso aumentaria sua satisfação e as vendas?
  • No âmbito industrial, seria possível evitar perdas de produção a partir de sintomas das linhas de produção? Seria possível “conversar” com as máquinas como os médicos fazem com seus pacientes? Há como ‘vacinar” as máquinas para não pararem?
  • Será que eu, como Gestor, sei que as regras do negócio foram corretamente aplicadas?
  • Como posso inovar mantendo ou arriscando pouco o que já conquistamos? Quais mudanças podemos fazer já? Quanto custaria? De onde vou tirar orçamento para isso?
  • Devo “pagar pra ver” ou “o fornecedor tem que investir primeiro?”
  • Devo usar start-ups para surfar essa onda de experimentos sem atrapalhar meus projetos ?
  • Como conduzir a integração dos experimentos que deram certo com meus processos atuais (e “antigos”)?
  • Como dar dimensão corporativa e fazer com que os projetos experimentais ganhem escala?
  • Minha empresa, os executivos e as pessoas da operação estão preparadas e capacitadas para essa transformação?

Muito provavelmente estas perguntas nunca foram feitas internamente ou várias ainda estão sem resposta. Pensar em inovação apenas como resultado de uma tempestade parece algo negativo, não faz sentido em si, muito embora as dores de cabeça de muitos executivos só aumentam quando se tem que falar sobre investimentos já conhecidos disputando espaço com a inovação numa mesma pauta. De qualquer forma essa agenda de inovação é importante e precisa ser considerada.

Investir nas Possibilidades

Os investimentos em capacitação pensando primeiro nas “necessidades” ou nas “possibilidades”?

O investimento “de sempre” foi feito para criar capacidade de operar o “core business”, suportar decisões de necessidades que já sabemos, seja para hoje e para um futuro previsível. Exemplos disso são projetos de atualização das aplicações empresariais (ERP), na automação de fábrica ou de lojas, comércio eletrônico e sistemas analíticos, focados quase sempre em manter ou melhorar a eficiência e expandir mercados e vendas. Cabe lembrar que eficiência sempre tem um limite: 99,99% e aí para.

O orçamento de investimentos TI e de Negócios são anualmente definidos separadamente, conhecidos e sempre sob pressão, pois estão atrelados aos resultados potenciais ou reais de negócio. Se vão bem, tem dinheiro, se vão mal, bem… “segura a mão”. Mesmo assim, tem sido difícil decidir onde investir mesmo quando sabemos ou prevemos os resultados.

Ocorre que, na maior parte das empresas que consideram inovação importante (e são poucas!), ela aparece como uma agenda paralela aos dos projetos tradicionais e quase sempre de responsabilidade de TI e ela quase sempre perde prioridade, não está no orçamento. Nem de TI e nem do Negócio.

Mas deveríamos ter um orçamento de inovação para TI e outro para o Negócio? Deveriam existir agendas separadas para inovação e a tradicional, que toquem os investimentos de negócio mais tradicional ? A resposta para isso é que a agenda deve ser única.

Agenda de Transformação Digital

O que parece estratégico e urgente é conhecer e testar essas novas tecnologias já – ou o quanto antes – para criar possibilidades de revitalizar o negócio ou até modelos inéditos e disruptivos. Isso irá induzir novas necessidades a serem atendidas (que ainda não sabemos quais e nem exatamente como), criar novas capacidades, modificar ou descontinuar práticas e recursos. E fazer isso antes dos concorrentes, obviamente.

O exercício obrigatório dos executivos de TI e de Negócios é entrarem juntos nessa tempestade perfeita que está em curso. Há que se destinar uma pequena parte do “investimento core” para projetos de inovação, mesmo sabendo que o pay-back muitas vezes será de difícil comprovação. Estamos inseridos no contexto global e essa tempestade vem em forma de “tsunami” destruindo as “casas mais frágeis ou despreparadas”. Por aqui no Brasil, nesses tempos de crise e de baixo crescimento, sobra pouco para explorar possibilidades, assim precisamos ser ainda mais criativos e colaborativos.

Deve-se aproveitar que os recursos tradicionais sofrerão revitalização em algum momento e parte desse orçamento pode ser revisitado. Podemos sim contar com a ajuda de grandes fornecedores e start-up´s interessados em desvendar novos caminhos, mas a empresa deve ser líder dessa transformação, e não ficar dependentes de sua boa vontade, pois não construiremos o nosso caminho, não veremos a transformação acontecer de verdade.

Uma forma correta para unir forças é ter uma Agenda de Transformação Digital, única, da empresa e não de TI. Essa agenda deve trazer a inovação como bandeira, juntando orçamentos de TI e Negócios, conduzindo ações estratégicas que busquem investigar possibilidades, atender necessidades, manter e criar novas capacidades, expandido pouco-a-pouco, como numa jornada. Essa jornada deve ser percorrida de forma conjunta com visão única de médio e longo prazos; mas com ações simples, de curto prazo e de baixo investimento que mostre caminhos para viabilidade, mas sem compromisso de pagar a conta da jornada toda logo de entrada.

Um fator crítico de sucesso além de ter a agenda clara, é realizar uma gestão integrada. Estes projetos não são projetos de TI e sim do negócio. Deve-se fazer uso de métodos ágeis e criativos, que coloquem todas na mesa sala, buscar engajamento top-down e bottom-up, consumindo investimentos com menores riscos que permitam redirecionamento em função dos resultados; buscando objetivos de sustentação e de expansão das fronteiras das empresas e dos negócios. A hora da Transformação Digital é agora. Tsunami à vista.

Sua empresa já tem uma agenda assim ?

*Autor: Paulo Eduardo Corazza – Consultor em Supply Chain e Transformação Digital. – Nov. 2018.

Leia também: Indústria 4.0 – Por que precisamos nos reinventar?

One Comment

  1. Deverhum, somos todos gratos por todas essas novas tecnologias. O grande desafio é como utiliza-las de forma a proporcionar um ganho de produtividade e de aumento na lucratividade. Tenho convicção de que os profissionais da Deverhum são totalmente capacitados para prover tais soluções e direções. Confio plenamente em seus profissionais. Excelente post.

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